VÖLUSPA

2:31 PM






Völuspá


Escutando pergunto às raças sagradas,
Aos filhos de Heimdall, do alto e do profundo;
Teu desejo, Pai Excelso, de que bem relate,
As velhas estórias que me lembro dos homens antigos…

Entretanto me lembro dos gigantes de antigamente,
Que me deram o pão em dias passados;
Nove mundos conheci, os nove na Árvore,
De poderosas raízes na terra.

Antiga foi a era que Ymir vivia;
Não havia nem mar, nem frescas ondas, nem areia,
A terra não existia, nem os céus no alto,
Somente um espaço aberto, sem ervas, em nenhum lugar.

Mais tarde os filhos de Bur elevaram o nível do solo,
E a poderosa Midgard ali criaram;
O Sol desde o sul acalentou as pedras da terra,
E verde foi o solo, coberto de ervas crescentes.

O Sol, a irmã da Lua, desde o Sol,
Estende sua mão direita desde a borda até o céu;
Ela não sabia qual era seu poder,
As estrelas não sabiam onde estavam seus lugares.

Então ocuparam os Deuses seus lugares na Assembléia,
Os Sagrados mantiveram conselho;
Nomearam a manhã, e a Lua minguante,
Então deram nomes ao entardecer e ao crepúsculo,
À noite e ao amanhecer, para contar os anos.

Em Idavöll se reuniram os Deuses poderosos,
Altares e templos elevaram na madeira;
Prepararam os ares e trabalharam o mineral,
Fizeram tenazes e forjaram ferramentas.

Em seus lares, em paz, jogavam sobre mesas,
Sem falta de ouro viviam os deuses,
Até que nesse momento chegaram desde Jötunheim,
Três Donzelas Gigantas, de enorme poder.

Então ocuparam os Deuses seus lugares na Assembléia,
Os Sagrados mantiveram conselho
Para decidir quem devia criar a raça dos Trolls,
Com o sangue de Brimir e as pernas de Blain.

Então desde a multidão se adiantaram três
Da casa dos Deuses, poderosos e graciosos,
Dois, sem destino na terra que cimentaram,
Askr e Embla, vazios de poder.

Careciam de alma, careciam de sentidos comuns,
Não tinham calor nem inspiração divina;
Alma lhes deu Odin; Sentidos lhes deu Höenir,
Calor lhes deu Lodur, e inspiração divina.

E conhecido o freixo, Yggdrasill é seu nome,
Com água branca a grande árvore têm sido molhada;
Então chega o orvalho que cai nos vales,
Verde pela Fonte de Urd crescerá para sempre.

Então chegaram as três donzelas, poderosas em sabedoria,
Desde a morada abaixo à árvore;
Uma chamada Urd, a outra Verdandi,
Gravaram em madeira, e Skuld terceira.
As leis ali ditaram, e a vistoria asseguraram
Aos filhos dos homens, estabelecendo seus destinos.

Lembro-me da primeira guerra no mundo,
Quanto os Deuses com lanças mataram Gullveig.
E quando no Salão de Hár, ela foi queimada,
Três vezes queimada, e três vezes nascida,
Uma e outra vez, e depois seguia com vida.

Heid foi chamada a buscar sua fogueira,
A feiticeira de ampla visão, de mágica sabedoria;
As mentes encantadas eram movidas por sua magia,
E era a alegria das mulheres perversas.

Sobre a hóspede, sua lança aprumou Odin,
Então começou a primeira guerra do mundo,
A parede que cercava os Deuses se rompeu,
E as paredes foram derrubadas pelos belicosos Vanires.

Então ocuparam os Deuses seus lugares na Assembléia,
Os Sagrados mantiveram conselho,
Acerca de si os Deuses deveria dar tributo,
Ou sim a todos lhes correspondiam o mesmo culto.

Então ocupara os Deuses seus lugares na Assembléia,
Os Sagrados mantiveram conselho,
Para encontrar se com veneno havia se preenchido o ar,
Ou havia dado a prometida de Od à raça dos gigantes.

Com fúria crescente se levantou Thor,
Raras vezes se senta a escutar tais coisas,
E o pacto foi quebrado, como as palavras e os laços,
E a promessa poderosa feita entre eles.

Eu sei do chifre de Heimdall, escondido
Embaixo à grande árvore sagrada;
Dele flui, pela promessa do Pai Excelso,
Um poderoso córrego. Poderias saber algo mais?

Somente encontrava-me sentada quando o Ancião me encontrou,
O terror dos Deuses, fitou-me nos olhos;
“O que tem a perguntar? Porque viestes?”.
“Odin, eu sei aonde encontra-se seu olho.”

Eu sei onde está escondido o olho de Odin,
Nos fundos da famosa fonte de Mímir;
Hidromel da preciosidade de Odin, cada manhã
Bebe Mímir. Poderias saber algo mais?

Braceletes teria, e anéis do Pai Heer,
Sábio era meu discurso e minha sabedoria mágica;
De longe contemplava todos os mundos.

Por todas as partes eu vi a Assembléia das Walkyrjas,
Prestes a cavalgar fazia a fila dos Deuses.
Skuld carrega o escudo, e Skögul cavalga atrás,
Gud, Hild, Gondul e Geirskögul.
Das donzelas de Herjan a lista têm escutado,
As Walkyrjas prontas a cavalgar ao redor da terra.

Eu vi um Baldr, o Deus sangrento,
Estabelecer os destinos dos filhos de Odin,
Famosos e belos nos excelsos campos
Cobertos de natureza crescente com firmeza.

Do ramo que parecia tão esbelto e belo,
Surgiu um dardo maligno que Hódr poderia ter feito;
Mas pronto nasceu o irmão de Baldr,
E já há muito tempo lutou contra o filho de Odin.

Suas mãos não lavou, seus cabelos nem penteou,
Até que fosse acesa a pira flamejante do inimigo de Baldr,
Mas em Fensallir chorou sua perda Frigg.
A causa da necessidade do Walholl. Poderias saber algo mais?

Certa vez eu vi, nos limites dos úmidos bosques,
A um amante do mar, similar a Loki;
Ao seu lado Sigyn se senta, não muito feliz
De ver ao seu companheiro. Poderias saber algo mais?

Desde o Leste, viestes através de vales venenosos,
Com espadas e punhais o rio Slid.
Havia ao Norte um salão de ouro que ali se eleva,
Em Nidavellir, para a raça dos Sindri,
E no Okolnir existe outro,
Aonde o gigante Brimir teria seu salão de cerveja.

Eu vi um salão, longe do Sol,
Suas portas visam o Norte e se encontra em Naströnd;
Gotas de veneno são vertidas através da saída de fumo,
Ao redor de suas paredes se enroscam serpentes.

Eu vi ali atacar através de selvagens rios,
A homens ladrões e também aos assassinos,
Aos maus feitores para com as mulheres de seus homens;
Ali, Nidhögg sorvia o sangue dos mortos,
E os lobos devoravam aos homens. Poderias saber algo mais?

A velha giganta sentada,
Havia no Leste, e sustenta a raça de Fenrir;
Entre eles sob aparência monstruosa,
Pronto roubaria o Sol do céu.

Ali se alimenta até saciar-se da carne dos mortos,
E a morada dos Deuses, se avermelha com o sangue;
Obscurece-se o Sol e pronto com o verão
Chegam as poderosas tempestades. Poderia saber algo mais?

Sobre uma colina se sentava e tocava sua harpa
Eggther, o alegre, guarda dos gigantes;
Sobre ele, cantava um galo no bosque de pássaros,
Formoso e rubro, se erguia Fjalar.

Então Gollinkambi, cantou aos Deuses,
Despertando aos Heróis no salão de Odin;
E abaixo da terra há outro que canta,
Nas barras de Hel, um pássaro rubro como ferrugem.

Agora uiva com força Garm ante Gnipahellir
As cadeias se romperam e os lobos correrão livres;
Muitas coisas eu sei, e mais posso ver
Do destino dos Deuses, os poderosos em batalha.

Os irmãos lutarão e se derrubarão uns aos outros,
E os filhos de irmãos cometerão incestos;
Difícil será a terra, com grande promiscuidade;
Tempo de Segur, tempo de espadas, os escudos se romperão,
Era do Vento, Era do Lobo, antes que quebrem-se as espadas;
Os homens se compadecerão uns aos outros.

Rápido se movem os filhos de Mímir, e os destinos
Escuta-se no berro de Gjallarhorn.
Heimdall sopra forte o corno no alto,
Com temor estremecem todos os que estão no caminho de Hel.

Yggdrasil se sacode, e estremece no alto
Os antigos galhos, e o gigante está solto.
Odin cuida da cabeça de Mimir,
Mas o parente de Surtr logo o matará.

Que acontecerá com os Deuses? Que acontecerá com os Seres Encantados?
Toda Jötunheim geme, os Deuses mantém conselho;
Com força rugem os anões junto à suas portas de pedra,
Os senhores da pedra. Poderia saber algo mais?

Agora uiva com força Garm ante Gnipahellir,
As cadeias se romperam e os lobos correrão livres;
Muitas coisas eu sei, e mais posso ver
Do destino dos Deuses, os poderosos em batalha.

Do Leste vêm Hryn com seu escudo no alto;
Com grande ira se retorce a Serpente;
Sobre as ondas se enrosca e a águia feroz
Corrói cadáveres, gritando; Baglfar está solto.

Pelo mar desde o Norte navega o barco,
Com o povo de Hel, no comando está Lóki;
Atrás do Lobo seguem os homens selvagens;
E com eles o irmão de Byelist vai.

Vêm do Sul com o açoite de ramos,
O Sol dos Deuses que batalham mostra sua espada;
Os penhascos se rompem, as mulheres gigantas afundam,
Os mortos se amontoam no caminho de Hel, e o céu se abre.

Agora vem Hlin, outro ferido mais,
Quando Odin avança à lutar com o Lobo,
E o formoso matador de Beli busca à Surtr,
Pois Ali deverá cair a alegria de Frigg.
Então vêm o poderoso filho de Sigfadhir;
Vidar, a lutar com o Lobo que muito espuma.
Até o coração; o Pai há de ser vingado.

Então chega o filho de Hlödyn,
A brilhante Serpente que morde ao alcance do céu;
Contra a Serpente avança o filho de Odin.

Com fúria golpeia ao guardião da Terra,
De suas casas devem fugir os homens,
Avança nove passos o filho de Fjörgyn
E, temerário, toma-se morto pela Serpente.

O Sol obscurece-se, a terra se afunda no mar,
As ardentes estrelas caem, desde o céu são arrancadas,
Sobe violenta a fumaça e a chama que alimenta a vida
Até que o fogo sobe ao alto, até o mesmo céu.

Agora uiva com força Garm ante Gnipahellir,
As Cadeias se romperam e os lobos correm livres;
Muitas coisas eu sei, e mais posso ver
Do destino dos Deuses, os poderosos em batalha.

Agora vejo que surge a nova Terra,
Outra vez das ondas, completamente verde,
Suas cataratas caem, e as águias voam,
E apanham peixes abaixo às orlas.

Os Deuses em Idavöll se reúnem,
Falam do terrível cerco que rodeia a Terra,
E relembram o poderoso passado,
E as antigas runas de que regiam os Deuses.

A maravilhosa beleza, uma vez mais;
Se elevam as douradas mesas entre as ervas,
Ao que os deuses possuíram nos dias anteriores.

Os campos ainda sem ceifar, contêm frutos maduros.
Todos os males melhoram, e volta Baldr.
Baldr e Hódr habitam no Salão de Batalha de Hropt,
E os poderosos Deuses. Poderias saber algo mais?

Mais formosa que o Sol veio uma sala,
Que em Gimlé está, repleta de ouro,
Ali os justos governadores habitam,
E para sempre o gozo ali terão.

Ali, no alto, mantendo todo o poder,
Um poderoso senhor governa todas as terras.

Desde abaixo do Dragão, surge a obscuridade,
Voando Nidhogg desde Nidafjöel,
Os corpos dos homens em suas asas sustenta,
A brilhante serpente: mas agora devo voltar-me às profundezas.

(Traduzido por 
Vagner Cruz.)

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