Sagrado Feminino e a volta da Deusa

3:36 PM



A divindade feminina está presente na terra desde os primórdios da humanidade, onde a Deusa como fêmea era o centro da vida humana e espiritual. Desde o período paleolítico a Terra era tida como feminina. Era ela quem gerava, criava e nutria, de onde todos vinham e para onde todos retornavam. A figura masculina como criadora e mantenedora é muito recente, pois pelos 35 mil anos, muito antes do verbo, existia somente a mãe. 
  As mais antigas representações da Deusa datam do período paleolítico. Pinturas rupestres e estatuetas de mulheres dançando ou trabalhando ilustravam o culto à Grande Mãe. Os símbolos masculinos -flechas, lanças, cenas de caça- porém, eram dispostos  de forma protetora ao redor das imagens femininas. Os mortos eram enterrados em posição fetal, ungidos de pigmentoa vermelhos que simbolizavam o retorno à Mãe e o renascimento através de seu sangue.

  As civilizações paleolíticas por sua vez eram pacíficas, não há vestígios de lutas entre grupos ou armas, além das usadas para a caça- pois na sociedadr e cultura da Deusa a violência era desnecessária. A sociedade era igualitária, as mulheres coletavam os alimentos e tratavam de sua preparação, cuidavam das crianças e os homens caçavam, pescavam e protegiam a comunidade.
  Com o fim da era do gelo, e o início do período neolítico os humanos deixaram as cavernas e migraram para vales e regiões férteis. A agricultura foi criada através das mulheres e optimizada pelos homens com o uso de ferramentas de metal. Estes, substituíram a caça pela criação de animais pois as comunidades humanas haviam deixado de ser nômades.
  A sociedade permanecia matrifocal -centrada na mulher e na mãe - e ginocêntrica -fundamentada na Deusa-. Não matriarcal, onde há a sobreposição do feminino ao masculino.

  Os homens tinham práticas e rituais específicas, seus espaços separados favoreciam a complementação e a cokaboração entre os séculos. Aproximadamente neste período histórico o culto ao Deus começou à surgir, mas havia o equilíbrio entre as polaridades.
  No neolítico, o culto primitivo da Deusa tornara-se um complexo sistema de mitos, rituais e símbolos divinos. Era ao mesmo tempo monoteísta, pois reverenciava uma única Deusa fonte da vida, e politeísta devido aos seus ibúmeros arquétipos e faces. Podemos encontrar Deméter como a Mãe da Agricultura, enquanto Afrodite é a Deusa do Amor, e  Athena da Sabedoria, todas gregas,cada uma representando uma face do diamante que é a Deusa. Ela era imanente, ou seja, presente em tudo pois tudo era Ela. Seu filho era Seu Consorte,o Deus da Luz, que nascia d'Ela e retornava à Ela, tendo Seu mito ilustrado nas passagens do sol nas estações do ano, seu nascimento, casamento, morte e renascimento.
  O declínio das culturas matrifocais teve início aproximadamente em 5 mil a.EC. Catástrofes naturais e invasão de povos bárbaros e patriarcais assinalaram seu fim. Na Europa o processo foi em torno de 7 mil a.EC, invadida pelos nômades indo-europeus do norte da Ásia, os Kurgos semearam o culto aos Deuses masculinos e violentos da guerra, reescrevendo os mitos e renegando a Deusa. O resultado disso pode ser sentido até os dias de hoje: uma sociedade governada por um pai distante e conservador, e órfã da Mãe.
  A busca de Eva e da mulher pelo conhecimento antigo da Deusa -simbolizada no mito do jardim do Éden pela serpente- foi transformada em pecado original. O ato de dar à Luz e de menstruar perdeu sua sacralidade, transformando-se em algo impuro. As mulheres eram propriedades, objetos e espólios de guerra, e hoje são compradas com o ideal de perfeição masculino e desprovidas de uma identificação divina, que quando representada, é irreal, assexuada, pura e virginal como Maria: santa,mãe de Deus, mas não divina por ser mulher.

  Atualmente os movimentos de Sagrado Feminino procuram resgatar a sacralidade das mulheres, a espiritualidade da Deusa e todo o conhecimento feminino deixado para trás, promovendo á elas uma re-significação do que é ser mulher, estabelecendo novamente o equilíbrio entre o Pai Céu e a Mãe Terra e o feminino e masculino presente em cada um de nós.
  Esses movimentos não procuram a exclusão do homem ou a supervalorização da mulher, e sim o resgate do poder feminino, pois compreende-se a dupla polaridade do Sagrado e do Divino.
  A Deusa é a energia feminina da Divindade, multifacetada, de muitos atributos e mitos, presente na centelha divina de cada mulher. Ela retorna de seu descanso para trazer a Sua Nova Era de Ouro de volta à Terra, e aos seus filhos e filhas. Ela chama por nós, atendemo-na!



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